quarta-feira, 28 de maio de 2014

A história (proibida) do cristianismo


Para conhecer a história proibida do cristianismo, é preciso entender primeiro sobre a expansão do Império Romano e a sua religião primitiva, como veremos a seguir.


Roma Antiga

A religião na Roma Antiga caracterizou-se pelo politeísmo, com elementos que combinaram influências de diversos cultos ao longo de sua história. Desse modo, em sua origem, crenças etruscas, gregas e orientais (como Krishna e Buda) foram sendo incorporadas aos costumes já tradicionais de acordo com sua efetividade.

Uma característica da religião romana era o culto a personalidade, ou seja, o imperador era cultuado como uma divindade. Antes de morrer, um imperador podia se tornar uma divindade de estado mediante votação no senado. O imperador era ao mesmo tempo a autoridade máxima religiosa.

Dentre as divindades mais cultuadas da mitologia romana, estava Mitra, o deus do Sol, proveniente da mitologia persa, mas eles cultuavam também Baco, deus do vinho, e Átis.

Em todo período da expansão do império romano (509 a.C. a 285 d.C.) era muito comum a incorporação de divindades da região conquistada, como por exemplo, o panteão da mitologia egípcia.


Expansão do Império Romano


O paganismo no império romano

Até a definição do cristianismo como religião oficial, o império romano convivia com muitos cultos a divindades e rituais pagãos.

O Solstício de Inverno era o período em que era celebrado o «nascimento do Sol invencível», Natalis Solis Invicti, um ritual pagão (Saturnália) que festejava, com ritos de alegria e troca de prendas, desde o dia 17 e até ao dia 25 de Dezembro, o momento em que o Sol «cresce», ou renasce, após o dia ter atingido a sua duração mais curta (21-22 de Dezembro). Com efeito, nessa data o Sol atinge a sua declinação-Sul máxima, cerca de 23º 26’, estacionando nela durante três dias e retomando o «caminho do Norte» a partir do dia 24 ou 25.

A data de 25 de Dezembro era, por consequência, a data do nascimento de Mitra, o deus do Sol, uma das divindades mais cultuadas pelos romanos desde 100 a.C. Na religião mitraica, que primeiro foi hindu, depois persa e finalmente romana, Mitra venceu o touro que simbolizava a vida, arrastou-o a uma cova e lá o degolou para beber seu sangue, porque de seu sangue surgiu a vida e de sua carne se originaram todos os animais e todas as plantasPor isso, Mitra se converteu em criador do universo e, ao mesmo tempo, em mediador entre Ormuz (Deus) e o ser humano. Os ritos de iniciação nos mistérios de Mitra incluíam batizar o neófito com sangue de touro sacrificado em um lugar mais elevado, de onde o sangue manava para banhar o iniciado. A iniciação começava com o batismo e terminava com a comunhão, em que se consumia a carne do touro com água, pão e vinho. O pão e o vinho se consagravam previamente com uma fórmula mística que os converteria em corpo e sangue do deus.


Mitra


Para os romanos havia também o deus do vinho Baco, ou Dionísio na mitologia grega. Segundo a lenda, Baco percorreu o mundo com um séquito de bacantes, sátiros e silenos, difundindo o vinho. Na Frígia deu ao rei Midas o poder de transformar em ouro tudo o que tocasse e, em Delos, concedeu às filhas do rei Ânio o dom de converter água em vinho. Baco passou à mitologia como a divindade do vinho e dos prazeres".


Dionísio


No Egito, desde 3.000 a.C., Hórus era cultuado como o deus do Sol e deus dos céus e era considerado como a principal divindade dos faraós. Hórus é filho de Osíris e Ísis, sua mãe deu a luz ao pequeno deus, depois de ser concebido de forma milagrosa, visto que seu pai já havia sido morto por Seth. Para os antigos egípcios, ele era considerado a encarnação de (também deus do Sol) na Terra, a manifestação solar no plano material, o princípio do fogo. Hórus era a “encarnação do dia”, aquele que venceu o deus Seth (representação do mal) nos desertos do Egito, na luta entre o bem e o mal, fazendo vencer a luz. Por isso seu nome está associado ao heroísmo. Frequentemente Hórus conduzia o morto à presença de Osíris. Segundo o “Livro dos Mortos”, ele era o mediador entre o morto e Osíris durante o “julgamento final” (de Osíris). Existe uma figura clássica de Ísis segurando o menino Hórus.


Deuses da Mitologia Egípcia
Ísis segurando Hórus, o menino deus.


O maior de todos os heróis gregos era Hércules (200 a.C.), filho de Zeus e Alcmena. Alcmena era a virtuosa esposa de Anfitrião e, para seduzi-la, Zeus assumiu a forma de seu marido enquanto este estava ausente de casa. Ainda recém-nascido, Hércules rapidamente revelou seu potencial heroico. Ainda no berço ele estrangulou duas serpentes que a ciumenta Hera, esposa de Zeus, mandou para atacá-lo. E ainda menino, ele matou um leão selvagem no Monte Citéron. Na vida adulta, as aventuras de Hércules foram maiores e mais espetaculares do que as de qualquer outro herói. As diversas lutas de Hércules com as feras representam a constante luta que temos para conter a fera que mora dentro de nós. No final, foi traído por sua esposa Dejanira mandou que ele vestisse um róbi tingido pelo sangue. Ao vestir a roupa, o veneno da Hidra penetrou na sua pele e ele tombou em terrível agonia. Seu filho mais velho, Hilo, levou-o ao Monte Eta e depositou seu corpo numa pira funerária. Entretanto, os trabalhos de Hércules asseguraram-lhe a imortalidade, assim ele subiu ao Olimpo e assumiu seu lugar entre os deuses que vivem eternamente, pois Gerião e Cérbero representavam a morte e as maçãs eram o fruto da Árvore da Vida. Hércules se tornou popular com mercadores, que costumavam lhe pagar um dízimo de seus lucros.


Hércules



Histórias do oriente

Já haviam chegado também até os romanos algumas histórias sobre os deuses do Oriente.

Krishna (3.228 a.C.) é reconhecido como uma encarnação de Vishnu ou ainda como a forma original e suprema de Deus. Krishna é a oitava encarnação de Vishnu. Ele foi concebido sem uma união sexual, mas por meio da "transmissão mental" ióguica da mente de Vasudeva no ventre de Devaki (seus pais). Kamsa era um rei da dinastia Bhoja, mas era tido como um demônio. Kamsa escutou uma voz que dizia que o oitavo filho de Devaki iria levá-lo à morte. Imediatamente fez menção de matar Devaki, mas Vasudeva implorou pela vida da esposa, prometendo que cada filho que nascesse, seria levado à presença de Kamsa. Receoso, mandou prender Vasudeva e a esposa no porão do castelo, sendo vigiados dia e noite por guardas. Cada filho do casal que nascia era morto por Kamsa, que mesmo sabendo que a profecia se cumpriria apenas no oitavo filho, não tinha piedade de nenhum e matava a todos. E foi então que o oitavo filho de Devaki nasceu, mas como sua vida corria risco na prisão, foi tirado da prisão e entregue aos pais adotivos Yashoda e Nanda em Gokula. Uma dessas histórias conta que o rei Kamsa, descobrindo que Krishna teria nascido e havia sido libertado da prisão, enviou vários demônios para impedir que isso acontecesse, mas todos falharam. Conta a tradição védica que Kamsa, enfurecido, mandou matar todos os meninos com até dois anos de idade, a fim de evitar o cumprimento da profecia.

Passaram-se os anos e Krishna, a criança celestial, cumpriu dezesseis. Chegou então o momento de abandonar a proteção materna para percorrer a Índia e predicar uma nova moral. Uma moral que a todos impactou, porque se atreveu a proclamar a igualdade entre os homens e inclusive, com coragem, entre as castas hindus, algo que ninguém até então havia sido capaz de mencionar. Quando foi necessário, Krishna realizou o milagre de curar enfermos e leprosos, fazer andar os paralíticos, devolver a visão aos cegos e inclusive ressuscitar os mortos. Muita gente o seguiu porque sua doutrina falava de bondade, de ajudar e amar-se mutuamente e de socorrer os frágeis e inválidos. Ensinou que é preciso amar aos demais como a si mesmo, que é melhor devolver bem por mal e que a melhor forma de viver é praticar a caridade e todas as virtudes. Quando soube que havia chegado sua hora, retirou-se a um lugar para rezar, proibindo a seus discípulos que o seguissem. Submergiu no rio Gânges e logo ajoelhou-se às suas margens, recostando-se a uma árvore e esperando sua morte. Enquanto rezava, chegaram os soldados do tirano e os esbirros dos sacerdotes e um deles feriu-o com uma flecha. Para que terminasse de morrer, o dependuraram em uma árvore para que o devorassem os animais selvagens. Seus discípulos o procuraram ansiosos quando souberam de sua morte e correram para apanhar seus restos, mas nada encontraram porque o filho de Deus havia ressuscitado e voltado aos céus.


Krishna


Buda (500 a.C.) ou Sidarta Gautama foi a nona encarnação de Vishnu. Na noite que Sidarta foi concebido, segundo biografias tradicionais, a rainha Maya sonhou que um elefante branco, com seis presas brancas entrou em seu lado direito, e dez meses mais tarde Siddhartha nasceu. Buda também ensinava por meio de parábolas. Certa ocasião, um de seus fiéis, totalmente imerso pelos maravilhosos pensamentos sobre o Buda, caminhou sobre o rio para encontrá-lo.


Buda



A vida de Jesus descrita nos evangelhos

Segundo Marcelo da Luz, conscienciólogo e autor, o livro que os estudiosos consideram ser o primeiro que relatou a passagem de Jesus por este mundo seria o evangelho de Marcos. Mais objetivo, descreve Jesus desde o seu batismo, descreve também seu trabalho missionário, curas, parábolas e morte. Depois vieram os evangelhos de Mateus e Lucas, tendo o livro de Marcos como inspiração, contam a história de Jesus desde o nascimento. Em seguida viria o evangelho de Tomé, bem mais racional, descreve Jesus como uma pessoa mística, mas sem a figura da divindade. Depois vem o evangelho de João, que tenta desqualificar Tomé e mostrar uma figura mais divina de Jesus.


Jesus

Tempos depois, já existiam mais de cem evangelhos, entre eles os evangelhos de Maria Madalena (que mostra a relação conjugal entre Jesus e Maria Madalena), o evangelho de Judas (que conta a história que Jesus teria pedido a Judas para entregá-lo) e um outro evangelho de Mateus, que já seria do século 3, que conta sobre Jesus fazendo milagres desde a barriga da mãe e infância. Quanto mais tempo após a morte de Jesus era escrito o evangelho, mais divino e milagroso ele ficava.


Jesus e Maria Madalena

Os primeiros evangelhos teriam sido escritos em aramaico, que era a língua nativa de Jesus, entretanto, depois que os evangelhos selecionados (Marcos, Mateus, Lucas e João) foram reescritos em grego, todos os originais foram destruídos. Os originais que sobreviveram até os dias atuais (como os de Judas e Maria Madalena, por exemplo) haviam sido muito bem escondidos.


O judaísmo e a perseguição aos cristãos

O cristianismo surgiu na província da Judeia no primeiro século d.C. enquanto seita religiosa judaica. A religião espalhou-se gradualmente até Jerusalém, estabelecendo inicialmente centros importantes em Antioquia e Alexandria, e a partir daí por todo o império. As perseguições oficiais foram inicialmente muito poucas e esporádicas, e a maior parte dos martírios ocorreu por iniciativa de autoridades locais.

O rigor monoteísta do judaísmo colocava dificuldades à política de tolerância religiosa romana, obtida através de compromisso e de isenções excepcionais. A religião judaica, ao contrário da cristã, era considerada legítima (religio licita). No entanto, quando os conflitos políticos e religiosos se tornaram irreconciliáveis eclodiram várias revoltas entre judeus e romanos. O cerco de Jerusalém em 70 d.C. esteve na origem do saque ao templo da cidade e da dispersão do poder político judaico.

A rejeição da religião do Estado tornou-se sinônimo de traição ao imperador, fato que esteve na origem do conflito de Roma com os primeiros cristãos, já que os romanos viam o cristianismo enquanto uma nova forma de ateísmo e superstição. As perseguições teriam começado em 64 d.C., durante o reinado de Nero, quando Roma foi consumida por um violento incêndio, e se estenderam até por volta de 250 d.C.


O império cristão

O Império Romano passou a tolerar o cristianismo a partir de 313 d.C., com o Édito de Milão, quando o próprio imperador Constantino I converteu-se ao cristianismo e permitiu o culto dessa religião em todo o Império.


Constantino I

Em 325, o imperador Constantino I havia promovido um encontro em Niceia com autoridades eclesiásticas para definir as principais crenças e normas que deveriam nortear a conduta dos cristãos. Esse acordo foi chamado de Concílio de Nicéa e foi uma marco na constituição da religião católica.

Numa tentativa de fortalecimento do império romano, o cristianismo tornou-se então a única religião oficial de todo o império sob Teodósio I (379-395 d.C.) e todos os outros cultos foram proibidos. Inicialmente, o imperador detinha o controle da Igreja. A decisão não foi aceita uniformemente por todo o império; o paganismo ainda tinha um número muito significativo de adeptos. Uma das medidas de Teodósio I para que sua decisão fosse ratificada foi tratar com rigidez aqueles que se opuseram a ela. O massacre de Tessalônica devido a uma rebelião pagã deixa clara esta posição do imperador. Um dos conflitos entre a nova religião do império e a tradição pagã consistiu na condenação da homossexualidade, uma prática comum na Grécia antes e durante o domínio romano.

No entanto, a consolidação definitiva do poder dessa Igreja iria se dar nos séculos seguintes, a partir da Idade Média, que se inicia no século 5. O Império Carolíngeo (séculos 8 a 9) e o feudalismo (principalmente séculos 8 a 11) proporcionariam espaço econômico e poder político para a Igreja Católica se constituir na principal instituição medieval.


Conclusões finais: a criação de um mito

Podemos considerar que Jesus tenha existido, de fato, considerando que vários livros/evangelhos foram escritos contando sua história, mesmo que décadas ou séculos depois da sua morte, apesar de não haver registros históricos e arqueológicas suficientes que comprovem a sua existência. Mas afinal, o que é história e o que é mito nisso tudo?

Como descrito nos evangelhos de Marcos e de Tomé, Jesus pode ter existido, ter sido batizado, pode ter pregado a palavra de Deus, ensinado por meio de parábolas, feito curas e terminado seus dias tendo sido preso, julgado e crucificado.

Entretanto, considerando todo o contexto de um iminente declínio do império romano e da religião fragmentada até então, podemos admitir como hipótese que, para estabelecer uma nova religião forte o suficiente para sobrepujar todas as mitologias e rituais pagãos existentes naquela época, o imperador Constantino I pode ter ordenado aos seus bispos que “criassem” um ser mitológico, uma divindade, a partir da história original de Jesus. Os bispos teriam material suficiente para isso nas mitologias romana, grega e egípcia, e ainda podem ter se valido das histórias de Krishna e Buda.


Referências

Todas as referências estão linkadas no corpo do texto.